terça-feira, 12 de junho de 2012

La Bella Polenta

Estima-se que, no período compreendido entre 1870 e 1970, cerca de 26 milhões de italianos deixaram sua terra em busca de melhores condições e oportunidades de vida. Desses, 1,5 milhão veio para o Brasil.
Os fluxos migratórios da Itália para os diversos países que receberam italianos ao longo desse período foram estabelecidos por redes sociais, construídas entre regiões da Itália e alguns destinos.  Dessa forma, temos que o fluxo migratório para o Brasil foi, em grande parte, originário da região do Vêneto.
Ao emigrarem, os italianos levavam na bagagem sua cultura: costumes, hábitos alimentares, modos de ver a vida, língua, entre outros. Ao chegarem a seus destinos, tentavam reproduzir sua cultura, dando origem a adaptações e novas significações de antigos hábitos. No Brasil, em novas condições de vida, novos elementos foram introduzidos às práticas dos imigrantes italianos, assim como eles imprimiram suas marcas na cultura local. Atualmente, percebemos a força da imigração italiana nas culturas regionais.polenta_filo_jacarezinho_2007.jpg
Entre os italianos que migraram para o Brasil, a polenta destaca-se como alimento característico de grupos familiares provenientes de regiões rurais do Vêneto. A polenta manteve-se como alimento de base entre colonos descendentes de imigrantes da região Sul do Brasil.
Feita a partir de farinha de milho (originário das Américas), a polenta permaneceu como alimento cotidiano das famílias camponesas de origem italiana. A receita básica de polenta utiliza fubá, água e sal, sendo consumida cozida, na chapa ou frita.
fogao_domenica_dalla_costa_peruzzo_linha_sexta_rs.jpgA cozinha do imigrante italiano originário do Vêneto era, portanto, baseada na polenta, consumida diariamente e acompanhada por outros alimentos produzidos pela própria família. A localização das colônias italianas no Rio Grande do Sul, bem como sua organização social e as dificuldades de transporte, configuravam sua cozinha como sendo basicamente de subsistência, ou seja: comia-se o que era produzido.
Num primeiro momento a polenta vem da Itália para o interior do Rio Grande do Sul e permanece na mesa do imigrante italiano como alimento de base, que dá força para o trabalho diário na lavoura. Para essa primeira geração, a subsistência é a principal característica, assim como as relações próximas com vizinhos e familiares. Aqui a polenta é um alimento cotidiano, forte.



* Júlia Dalla Costa  é antropóloga.

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